Nunca associo esta data ao dia das mentiras. Quando penso nesta data lembro-me sempre que é o dia de aniversário da minha primeira namorada. Se bem que nunca chegámos a concretizar o namoro. Nunca nos beijámos e no dia de S. Valentim pedi a um amigo meu para lhe dar um presente em meu nome. Ela chama-se Teresa e há anos que não a vejo. Éramos colegas de carteira numa aula, e lembro-me que ela falava comigo sussurrando-me coisas baixinhas ao ouvido. Como aluno bem comportado que era nesse ano lectivo de 86/87, receava que a nossa conversa - ela a sussurrar e eu a tentar ouvir - pudesse interromper o normal decurso da actividade escolar. Esse meu receio, aliado aos meus problemas auditivos e ao facto de ela falar muito, muito baixinho mesmo, fazia com que eu lhe pedisse para repetir as sentenças. Dizia "o quê?", "diz?", mas continuava a não perceber o que ela dizia acabando por desistir. Então a solução que arranjei foi dizer que "sim" a tudo. Acenava sempre em sinal de consentimento.
Ainda hoje não sei que coisas me dizia. Continuo sem saber. Estou na dúvida se ela me dizia coisas do género "estou a falar baixinho de propósito para gozar contigo e tu és um grande estúpido, não és?", ou então coisas como "tu és muito giro e eu gosto muito de ti, queres brincar aos médicos e às médicas comigo?" ao qual eu respondia "sim", mas depois nada fazia... A verdade é que eu nunca esqueci a data do seu aniversário. E quem sabe se não me teria casado com ela se ouvisse melhor. Era a rapariga mais gira da turma. A seguir a ela, a mais gira era a Neuza, era a minha segunda escolha caso as coisas tivessem corrido mal com a Teresa.
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